sexta-feira, 5 de agosto de 2016

todos os animais são peixes

não há espaço por dentro
para uma distopia que se
move em leito contínuo
[o movimento harmonioso e
triste da paisagem]
a luz vai tropeçando no
olhar enxuto e ácido
dos que sobrevivem
à civilização anestésica
e inclinam a justiça
rente ao peso magro
de si.


o método que nos serve
é o de um egoísmo médio;
uma misericórdia fértil
com os braços torpes
de maquilhar a morte;
de prender o sorriso
com fio de nylon. 


segunda-feira, 25 de julho de 2016

sábado, 23 de julho de 2016

petróleo no sapato


o sol desce por dentro
das árvores e o verbo
concebe a diacronia
da sombra. a luz
arrastada no tempo
é um estilhaço de
ícaro que se lança
sobre a ocidental
leveza da alma. 
que se deita  
sobre o vazio pleno
da insolúvel supressão
do amor.  
cresce um horizontal
fogo inábil de cada vez
que o verso termina
e o dia se torna escarlate:
ventre desfeito; parasita
de um universo sem astros.
sem translação.
o sangue que alimenta
o rubro horizonte
escorre de um silencioso
eufrates que grita
com voz e alma de gente
idónea
surdez.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

berço vertical




a paisagem incólume é um
corpo degradado. uma
superlativa urgência
que flutua a estagnação
e o abandono. que
afoga a ciência litúrgica. 

por dentro do mundo
sente-se a leveza
estética da morte.
o ígneo mistério
doce da verdade
escondido debaixo
da cama.
a arrastadeira
de porcelana partida
em três sítios
diferentes e as crianças
em agonia a perdoar
deus. a perdoar
a distância do
pobre e veloz
amor global:
da livre e acidentada
compaixão.

[escrevo apenas o
vernáculo da
sensação]